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Juíza obriga acionista da Alliar a apagar posts sobre Tanure

No Twitter, gestor contesta a compra da Alliar por Tanure, alegando lesão aos acionistas minoritários

O empresário Nelson Tanure obteve decisão favorável na guerra judicial travada com Vladimir Timerman, gestor do Fundo Esh Theta, um dos acionistas da Alliar – rede de medicina diagnóstica da qual Tanure passou a ser controlador. A Justiça de São Paulo determinou que o gestor deixe de fazer publicações nas redes sociais envolvendo o empresário e apague todos os comentários que mencionam Tanure ou a Alliar.

No mandado de intimação, a juíza Tania da Silva Amorim Fiuza, do Foro Criminal da Barra Funda, ainda proíbe Timerman de ter qualquer contato com Tanure. “Não só de maneira pessoal como também o impedimento de eventuais contatos telefônicos, mensagens de e-mail, eletrônicas, telemáticas, enfim, qualquer meio de comunicação”, afirma a magistrada.

O descumprimento da ordem judicial pode acarretar a decretação da prisão preventiva do gestor (processo nº 15243340 520228260050).

A decisão veio a pedido dos advogados de Tanure, que acusam o gestor do Fundo Esh Theta de perseguição, crime previsto no artigo 147-A do Código Penal. A pena é de seis meses a dois anos de reclusão mais multa. A polícia está investigando o caso.

“Eu ando dentro da lei. Faço o que a lei manda. Se meus advogados entenderem que essa medida não cabe vamos recorrer”, afirmou Timerman ao Valor. Até a sexta-feira, segundo ele, não havia sido formalmente intimado da decisão.

Em nota, classificou o processo como “mais um elemento de uma estratégia de intimidação e retaliação que tem sido promovida” contra ele e o Esh Theta.

O gestor tem usado o Twitter pelo menos desde dezembro para contestar a compra da Alliar por Tanure, alegando que a operação é lesiva aos minoritários. Acusa o empresário da prática de insider trading. Há uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em andamento.

Tanure assumiu o controle da Alliar em abril, depois de oito meses de negociações e o desembolso de R$ 1,25 bilhão. Ele adquiriu 63,28% da companhia, que tem um total de cem unidades distribuídas pelo país e entre seus laboratórios a rede CDB, de São Paulo.

Os advogados de Tanure defendem, na ação judicial mais recente, que o empresário tem sido vítima de perseguição. Juntaram quase uma dezena de páginas de posts de Timerman. Afirmam que as postagens do gestor extrapolam o direito à livre manifestação do pensamento e não estão em linha com o exercício regular de direito de acionista minoritário.

“São publicações diárias com ofensas e acusações que afetam a privacidade da vítima porque geram repercussões na mídia e na companhia”, diz o advogado Pablo Naves Testoni, do Paoletti Naves & Testoni, que representa o empresário no caso junto do escritório Bottini & Tamasauskas Advogados.

Testoni afirma que, se a ordem judicial não for cumprida, vai pedir à Justiça a decretação da prisão preventiva do gestor e acionar o Twitter para cumprimento das medidas. Segundo a defesa do controlador da Alliar, as ofensas públicas têm impactado o desempenho da companhia na B3.

“Enquanto o senhor Vladimir Joelsas Timerman promove perseguição, pela mídia e pelas redes sociais, a Alliar, assim como todas as pessoas que trabalham diretamente na empresa, suportam a dramática consequência dessa insanidade: desordem na precificação das ações, grande especulação do mercado e instabilidade empresarial.”

Em uma publicação do fim de junho, por exemplo, Timerman manda um “recado” a Tanure: “Ainda não terminei de denunciar tudo que descobri na CVM. Já tá tudo documentado, só falta fazer as petições. Pode me processar, me intimidar, pode até me matar, que isso vai até o final”.

Outros processos estão em andamento. Tanure processa Timerman por calúnia e difamação. Por meio de arbitragem, pede o ressarcimento de R$ 130 milhões por perdas alegadamente provocadas pelo fundo na rede de medicina diagnóstica.

Timerman, por sua vez, entrou, na semana passada, com notícia-crime contra Tanure por injúria racial. Na audiência de conciliação referente à acusação de calúnia e difamação, Tanure teria dito que o gestor usa “métodos muito análogos aos que as milícias usam, ele se apresenta como defensor de minoritários sem procuração de ninguém e no processo ele vai avançando com uma violência verbal e, inclusive, dizendo que usa técnicas nazistas”.

Por Bárbara Pombo

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2022/08/01/juiza-obriga-acionista-da-alliar-a-apagar-posts-sobre-tanure.ghtml

 

 

 

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