Por André Guilherme Vieira | Valor
SÃO PAULO – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o que considera uma política “punitivista” do governo federal em relação à temática das drogas, sem, no entanto, citar o presidente Jair Bolsonaro.
“O encarceramento dos usuários de drogas, que não têm ligação com o tráfico, só faz aumentar o exército de pessoas cooptadas nas cadeias pelo crime organizado. O problema é que, no Brasil, criminoso bom é o criminoso morto”, afirmou o ex-presidente.
O tucano e especialistas debatem a questão da política do atual governo sobre drogas em evento realizado no Instituto FHC, no centro de São Paulo.
Participam do debate a diretora do Instituto Igarapé, a socióloga Ilona Szabó, o criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, o psiquiatra e ex-diretor da Secretaria Nacional Sobre Drogas (Senad) Leon Garcia e o advogado Beto Vasconcelos.
O plenário do Senado aprovou, no dia 15 de maio, projeto que altera a política nacional de drogas, depois de uma série de manobras para acelerar a votação. O texto agora depende apenas de sanção do presidente Jair Bolsonaro.
A proposta regulamenta temas como a possibilidade de internação compulsória de usuários de droga e o aumento da pena mínima para traficante que comandar organização criminosa — de 5 anos para 8 anos de reclusão.
Também incorpora ao Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) as comunidades terapêuticas, que são instituições de caráter religioso. Algumas delas já foram acusadas de tentar converter pacientes para a fé religiosa que professam. |