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Bolsonaro vai à Fiesp no dia de ato pró-democracia da USP

Presidente pediu aos industriais para anteciparem a data de sabatina, antes marcada para 12 de agosto

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para antecipar a data da sabatina à qual será submetido. Estava marcada para 12 de agosto. Foi transferida para o dia 11 do mesmo mês.

O evento dos industriais será realizado no mesmo dia da leitura da carta da USP (Universidade de São Paulo) pela democracia. A “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” já reuniu mais de 640 mil assinaturas até às 19h51 desta 2ª feira (1º.ago.2022).

Já participaram da sabatina da Fiesp: Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e Simone Tebet (MDB). Assista aqui. A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está prevista para 9 de agosto.

Aos 15 minutos de sua transmissão, Bolsonaro disse: “Não entendi essa nota que foi patrocinada aí pelo nosso querido filho do ex-vice-presidente do Lula, José Alencar, o sr. Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp […] [É] uma nota política-eleitoral que nasceu, lamentavelmente, lá na Fiesp. Se não tivesse o viés político nessa nota, eu assinaria. Mas voltou para o lado de defesa de outro Poder. Eu acho que o equilíbrio entre os Poderes tem de existir. E nós sabemos por onde é que anda o desequilíbrio no Brasil. As ações estão aí. Não vamos esperar da imprensa a verdade sobre isso. […] Falar que a nota [da Fiesp] é contra, é claramente contra a minha pessoa… Que é favorável ao ladrão. Não vou falar quem é esse ladrão, que endividou em outros governos em R$ 900 bilhões a Petrobras”….

O manifesto organizado pela Faculdade de Direito da USP conta com o apoio de organizações da sociedade civil. Algumas das pessoas que aderiram ao texto são:

  • Alberto Toron – advogado;
  • Armínio Fraga – ex-presidente do Banco Central;
  • Candido Bracher – integrante do Conselho de Administração do Itaú Unibanco;
  • Celso Antônio Bandeira de Mello – advogado;
  • Eduardo Vassimon – presidente do Conselho de Administração da Votorantim;
  • Fábio Alperowitch – sócio-fundador do Fama Investimentos;
  • Guilherme Leal – co-presidente da Natura;
  • Horácio Lafer Piva – acionista e integrante do Conselho de Administração da Klabin;
  • João Moreira Salles – cineasta;
  • João Paulo Pacifico – CEO do Grupo Gaia;
  • José Roberto Mendonça de Barros – economista;
  • Miguel Reale Júnior – ex-ministro da Justiça;
  • Natália Dias – CEO do Standard Bank;
  • Pedro Malan – ex-ministro da Fazenda;
  • Pedro Moreira Salles – co-presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco;
  • Pedro Passos – conselheiro da Natura;
  • Pedro Serrano – advogado;
  • Pierpaolo Bottini – advogado;
  • Roberto Setubal – co-presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco;
  • Sérgio Renault – advogado;
  • Walter Schalka – presidente da Suzano.

Também assinam a carta os cantores e compositores Chico Buarque e Arnaldo Antunes, o ex-jogador de futebol Walter Casagrande, as atrizes Débora Bloch e Alessandra Negrini, o apresentador Cazé Peçanha e a chef de cozinha Bel Coelho.

Ex-ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) também assinaram o documento. O texto deve ser lido durante evento em 11 de agosto, no Pátio das Arcadas do largo de São Francisco.

Diversos artistas como Chico Buarque, Roberto Setúbal, Luiz Gonzaga Beluzzo, Gal Costa, Zélia Duncan, Maria Bethânia, Joaquim Barbosa, Antonio Calloni e Bruno Gagliasso estão compartilhando o documento nas redes sociais.

O site que hospeda o documento vem sofrendo ataques cibernéticos desde a 3ª feira (26.jul) –data em que foi divulgado. O texto critica o que considera “ataques infundados e desacompanhados de provas” que questionam “o Estado Democrático de Direito” e a lisura do processo eleitoral.

“Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão”, diz o documento.

O texto é uma crítica velada a Bolsonaro. O chefe do Executivo não é citado diretamente, mas é frontalmente criticado. O manifesto, por exemplo, defende o sistema eletrônico de votação e critica “ataques infundados” às eleições.

Lula também não é citado diretamente. O petista, no entanto, beneficia-se com a iniciativa da Faculdade de Direito da USP. Ele disse nesta 4ª feira (27.jul) que assistiu à leitura da 1ª versão da carta, em 1977, ainda na ditadura militar.

Por Murilo Fagundes e Douglas Rodrigues

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