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Por decisão de Gebran, ex-presidente da Estre só apresenta defesa quando advogados tiverem acesso a documentos obtidos pela Lava Jato

Suspeito de supostas propinas de R$ 22 milhões ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o empresário Wilson Quintella Filho conseguiu liminar no TRF-4 para suspender prazo incialmente estabelecido para rebater acusações da força-tarefa

Rayssa Motta e Fausto Macedo

18 de junho de 2020

O empresário Wilson Quintella Filho, ex-presidente da Estre Ambiental, conseguiu uma liminar no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que suspende o prazo inicialmente estabelecido pela Justiça para que ele envie complemento de sua defesa diante das acusações de corrupção ativa e lavagem de dinheiro apresentadas pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato.

O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4, entendeu que o prazo deve ser suspenso até o julgamento do habeas corpus impetrado pelos advogados do empresário ou até que a defesa tenha acesso aos documentos e áudios das escutas telefônicas obtidos pela força-tarefa durante a investigação – o que tem sido negado em função das restrições impostas pela pandemia da Covid-19. A decisão atendeu pedido dos advogados Pierpaolo Bottini e Bruno Facciolla.

‘‘Vejo plausibilidade na alegação de que a negativa de acesso a tais conteúdos implica prejuízo à ampla defesa do paciente. No meu entender, não parece razoável transferir à defesa o ônus da inviabilidade fática de acesso às aludidas mídias em decorrência da pandemia do coronavírus’’, escreveu Gebran na decisão tomada na terça-feira, 16.

Quintella responde a um processo na 13ª Vara Federal de Curitiba, acusado de pagar de propinas, entre 2008 e 2014, a Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, empresa de transporte da Petrobras. A Lava Jato afirma que R$ 21,1 milhões em pagamentos ilícitos foram ‘solicitados por Sérgio Machado e prometidos por Wilson Quintella, no interesse dos contratos firmados pelo Grupo Estre com a Administração Pública Federal, em especial com a Transpetro’. Ele admitiu os repasses ao emedebista a título de ‘apoio político’.

Quintella chegou a ser preso, em janeiro do ano passado, na 59ª fase da Operação, denominada Quinto Ano, que mirou desvios de R$ 682 milhões Petrobrás. No mês seguinte, o empresário depositou fiança de R$ 6,8 milhões para deixar a cadeia.

 

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