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CPI de Brumadinho aprova quebra de sigilos de Fábio Schvartsman, ex-presidente da Vale

Schvartsman comandava empresa quando barragem rompeu e agora é diretor-executivo afastado, segundo assessoria. CPI quer apurar se ele sabia de instabilidade em barragem.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a tragédia em Brumadinho (MG) aprovou nesta terça-feira (4) a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático de Fábio Schvartsman, ex-presidente da Vale.

Schvartsman comandava a empresa em janeiro, quando uma barragem da mineradora rompeu em Brumadinho, levando uma enxurrada de lama à região. Ao todo, 245 mortes foram confirmadas em razão da tragédia.

Procurado, o advogado Pierpaolo Bottini afirmou ao G1 que a defesa de Schvartsman já entregou espontaneamente ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal todos os e-mails e as mensagens recebidas pelo ex-presidente da Vale.

Conforme o requerimento aprovado nesta quarta-feira pela CPI, apresentado pelos deputados Áurea Carolina (PSOL-MG) e Rogério Correia (PT-MG), é necessário quebrar os sigilos de Fábio Schvartsman para apurar se ele sabia de uma eventual instabilidade na barragem que rompeu em janeiro.

“Dos depoimentos prestados perante essa Comissão, percebe-se claramente uma tentativa dos gestores da Vale de imputar toda a responsabilidade pelo acidente aos funcionários que atuavam na ponta, os quais não ocupavam posição de chefia e não detinham poder de decisão, devendo se reportar aos gerentes aos quais eram subordinados. Esses, por consequência, devem se reportar aos seus superiores na cadeia hierárquica, sendo que todos se subordinam, em último nível, ao presidente da empresa”, diz o requerimento aprovado.

Análise técnica

Em 9 de abril, a engenheira Cristina Malheiros, da Gerência de Geotecnia da Vale, prestou depoimento à CPI e afirmou que a análise técnica não indicou que a barragem poderia romper.

Cristina Malheiros foi chamada à CPI porque, segundo depoimentos, sabia da situação de instabilidade da barragem. Ela chegou a ser presa em fevereiro deste ano. Depois, o Superior Tribunal de Justiça determinou a soltura dela.

“A minha assinatura se restringe a fazer análise técnica no campo e, diante dessas inspeções, eu não tinha nenhuma observação de anormalidade que pudesse indicar um possível rompimento. Eu me sentia segura com os documentos que eu tinha”, afirmou a engenheira à CPI.

“No acompanhando que eu fazia, nenhuma anormalidade me chamou a atenção de um possível rompimento até a última inspeção que eu fiz no dia 23 de janeiro. Estávamos em dez pessoas inspecionando a barragem. E nada foi alertado sobre um possível rompimento”, acrescentou Cristina Malheiros na ocasião.

G1 – RJ (04/06/2019)

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